Docência negra na FFLCH:
presença, memória, reconhecimento
A partir das políticas de cotas raciais e sociais na Universidade de São Paulo, nos cursos de graduação e pós-graduação, os espaços universitários enegreceram. Mudaram as pessoas, suas cores, seus anseios e projetos de futuro e, sobretudo, mudou-se a forma como a produção de conhecimento passou a ser realizada no ambiente acadêmico. Novas epistemologias puderam vir à tona, assim como as demandas de movimentos sociais antes apartados dos muros da universidade. Uma universidade mais escura (e não menos esclarecida) veio chegando a passos fortes e ocupou aquilo que lhe era de direito, resultado de processos históricos de reparação. Estudantes negras e negros trouxeram, finalmente, uma ampliação do perfil das universidades públicas sem, contudo, terem esta mesma representatividade negra por parte do corpo docente. Quantos são as/os professoras/es negras/os nas unidades e institutos? Quem são? Quem foram as/os precursoras/es? Quando chegaram? O que têm realizado em termos de projetos de ensino, pesquisa e extensão? Têm ocupado cargos de gestão e de decisão?
A partir destas perguntas, a nova gestão da direção da FFLCH iniciou um mapeamento inédito da docência negra em nossa unidade, que será desenvolvido com a devida atenção nos próximos anos. Este é um projeto de pesquisa em sua fase embrionária que pretende reconstituir e analisar a trajetória de professoras/es negras/os que atuaram e atuam em nossa Faculdade para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à memória da docência negra. Foram e são docentes que atuam e atuaram em diferentes áreas do conhecimento das Humanidades, sendo que várias/os delas/es colaboraram ativamente na construção de diferentes políticas públicas, inclusive a de cotas raciais, e na ampliação e efetivação dos direitos humanos.
Para começar o mapeamento, pudemos localizar, até o momento, 29 docentes que se auto identificam como negros/as (pretos/as e pardos/as), a partir da década de 50 até os dias atuais. E ainda há mais 5 que estão em fase de contratação, aprovados/as nos últimos concursos. Para esta data do dia 20 de novembro, em comemoração a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra, lançamos a aba Memória Negra, no site memoria.fflch.usp.br, onde podemos ter acesso a esta lista, com uma breve biografia de cada docente. Este trabalho tem sido realizado pela equipe do Projeto Memória FFLCH 90 anos, coordenado pelo pesquisador Abílio Tavares, com a secretaria de Fátima Morashashi e o protagonismo de estudantes de graduação dos cursos História e Ciências Sociais, bolsistas e estagiários/as do projeto: Ana Paula Loberto, Thamires Badu, Eric Rinaldi, Cauê Harms e Gabriel Silvano.
E isso é só o começo! Também pretendemos dar visibilidade e realizar pesquisas que envolvam estudantes e servidores/as não-docentes negros/as, e relembrar e valorizar suas atuações em diferentes âmbitos políticos e sociais. Contamos com a colaboração de todes que tenham interesse em participar conosco desta empreitada em busca da presença, da memória e do reconhecimento da docência negra na FFLCH.
Saudações negras,
Silvana de Souza Nascimento - vice-direção da FFLCH
Adrián Fanjul - direção da FFLCH